Definição de episteme: de Platão a Foucault

📘 1. Platão: Episteme como conhecimento verdadeiro

Para Platão, episteme é o conhecimento verdadeiro, seguro, eterno e imutável — em oposição à doxa, que é a opinião, mutável e incerta.

A episteme está ligada ao mundo das Ideias (ou Formas), acessível apenas pela razão filosófica.
Exemplo: conhecer o que é a Justiça em si (e não apenas um caso justo) seria epistêmico.

👉 Para Platão:
Episteme = saber racional, universal e necessário.

📗 2. Aristóteles: Episteme como ciência

Aristóteles também usou o termo episteme, mas com um tom mais científico:

É o conhecimento demonstrável por meio da lógica e da observação.
Parte de princípios primeiros e chega a conclusões universais.
Está no núcleo daquilo que hoje chamamos de ciência formal.

👉 Para Aristóteles:
Episteme = ciência baseada na razão e na lógica.

📙 3. Idade Média: Episteme cristã

Durante a Idade Média, a episteme ficou subordinada à revelação divina. A teologia era considerada a “rainha das ciências”.

O conhecimento verdadeiro era aquele que conciliava razão e fé (Santo Agostinho, São Tomás de Aquino).
O foco era o conhecimento de Deus, da alma e da salvação.

📕 4. Modernidade: Razão e método

Com Descartes e outros pensadores modernos, a episteme passa a se basear na razão autônoma, no método científico e na observação do mundo natural.

A busca é por um conhecimento claro e distinto, seguro como a matemática.
A episteme moderna rompe com o saber teológico dominante na Idade Média.

📓 5. Michel Foucault: Episteme como estrutura do saber de uma época

Foucault revoluciona o conceito: para ele, episteme não é apenas o conhecimento, mas o sistema invisível que define o que pode ser conhecido em uma época.

Cada período histórico tem sua própria episteme, que regula o que é considerado verdade, ciência, loucura, normalidade etc.
Por exemplo, o que é “razão” ou “loucura” muda do Renascimento para o Iluminismo.

👉 Para Foucault:
Episteme = conjunto de regras que estruturam o saber possível numa dada cultura.